Open Banking – Perguntas e Respostas

14/08/2021 |
Assunto: , Economia

O Open Banking é a mais recente revolução em andamento no setor financeiro do país.
Neste artigo você encontrará as respostas para as principais dúvidas sobre o tema

Beneficios OpenBanking

Os dados são o petróleo do século XXI, mas diferentemente do óleo negro, o seu valor está ligado à sua abundância e à capacidade de se extrair significado deles.
O open banking é um projeto do Banco Central do Brasil (BC) que vai integrar dados pessoais de todos os brasileiros para promover acesso seguro a cadastros de informações, bem como transações financeiras entre as instituições participantes.
Existem alguns mitos e verdades a respeito do open banking.
Você sabe identificar cada um deles?

Somente os bancos atuais participarão do open banking?

A motivação do Banco Central para a criação do open banking é fomentar a competição no mercado de crédito brasileiro. Para isso, ele estabeleceu que os grandes bancos devem participar do sistema e tornou facultativa a participação de instituições menores, na expectativa de que elas possam acessar os clientes das grandes empresas. O cronograma de implantação prevê quatro fases: na primeira, que está valendo desde 1º de fevereiro de 2021, os bancos trocam informações sobre seus produtos e as taxas que praticam. Na fase 2, que começou em 15 de julho de 2021, os bancos passaram a compartilhar dados pessoais e financeiros dos consumidores, como cartões e transações de crédito, com consentimento prévio. Na fase 3, que terá início em 30 de agosto de 2021, será possível realizar pagamentos e consultas de serviços bancários em canais de outros bancos, sem precisar abrir outra conta. Na quarta e última fase, prevista para 15 de dezembro de 2021, começam a ser ofertados novos serviços personalizados para a realidade financeira de cada consumidor, como investimentos e câmbio, entre outros.

O open banking vai aumentar a competitividade do setor financeiro?

As informações são fundamentais para operar no mercado financeiro. Somente agentes financeiros que conhecem o perfil dos consumidores e empresas conseguem avaliar os riscos envolvidos, e se estão dispostos a correr esses riscos. Até dois anos atrás, somente os grandes bancos tinham as informações de seus clientes. Isso começou a mudar com a implantação do Cadastro Positivo, em abril de 2019. De lá para cá, houve um aumento significativo no número de empresas atuando no mercado de crédito, as chamadas fintechs. Com o open banking, espera-se que esse movimento se acelere, pois além de ter acesso às informações de empresas e consumidores, as instituições financeiras poderão acessar diretamente o movimento transacional desses consumidores e empresas, melhorando ainda mais sua avaliação de risco, que será mais completa, possibilitando a entrada de mais empresas e levando mais competição ao segmento financeiro.

Os dados estarão abertos para qualquer empresa ou pessoa ver?

As normas do open banking no Brasil definem que, para uma instituição acessar os dados de um consumidor ou empresa, será necessário ter o seu consentimento prévio. Com isso, os consumidores estarão no controle da situação – os dados só irão transitar de uma instituição para outra se ele aceitar previamente, dentro dos limites da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e com a supervisão do Banco Central do Brasil. Em resumo: os dados do consumidor estarão seguros.

Serão criados produtos e serviços personalizados para consumidores e empresas?

Com mais informações disponíveis, espera-se que mais empresas entrem no mercado de crédito. O aumento do número de players, por sua vez, tende a provocar mais competição, e esta, por sua vez, trará mais inovação. A inovação em serviços financeiros, combinada a uma profusão de dados e novas tecnologias, deve resultar em produtos financeiros mais próximos das necessidades dos consumidores e empresas, e mais personalizados para capturar essa oportunidade.

Consumidores e empresas terão acesso a mais produtos e serviços bancários?

Num mercado em que há poucas empresas atuando, todas enormes e com grandes lucros, o apetite a risco é menor. Quem nunca ouviu o ditado: “em time que está ganhando não se mexe”? Com este mindset, as instituições financeiras podiam “escolher” os clientes. Num mundo com mais competição e com mais dados para analisar riscos, empresas menores com mais propensão a risco conseguem concorrer. Com isso, aqueles que já têm acesso a produtos financeiros podem ter acesso a novos produtos que antes não tinham, e aqueles que não eram atraentes para as grandes instituições podem se tornar atraentes para empresas com mais apetite a risco.

Num sistema em que todo mundo vê tudo, vai ficar mais complicado para o consumidor gerenciar suas contas?

A troca de dados e adesão a novos produtos sempre vem precedida do consentimento do consumidor. Assim, a vida deve ficar até mais simples. Hoje, para fazer a portabilidade de um financiamento ou investimento há uma burocracia envolvida, porque as instituições não têm padrões de troca já estabelecidos e, aquele banco que já tem o contrato com o consumidor pode dificultar a troca, exigindo informações que tornam o processo moroso. Com o open banking, os padrões de troca dos dados são estabelecidos pelo Banco Central, bem como o protocolo de segurança. Com isso, as possibilidades de contratação aumentam, mas tudo deve ser feito de forma digital, facilitando a gestão.

Somente pessoas e empresas que já têm contas em bancos vão se beneficiar do open banking?

A Agenda BC+ implantada pelo Banco Central para melhorar o ambiente de negócios do Brasil tem, entre seus pilares, o aumento da competição como fator de barateamento dos preços/taxas de juros. Assim, todos os grandes bancos foram obrigados a entrar no open banking para permitir que empresas menores tenham acesso às suas bases de clientes. Com isso, bancos menores, instituições financeiras de nicho e fintechs participantes do open banking poderão abordar os clientes dos grandes bancos com produtos e serviços diferenciados e mais aderentes às necessidades do consumidor. Mesmo clientes não-bancarizados que tenham um seguro, cartão de crédito ou algum tipo de investimento poderão ter seu histórico compartilhado, o que deve aumentar o acesso a produtos financeiros para esses consumidores.

A participação no open banking é automática?

O espírito do open banking é fazer dos consumidores os reais donos de seus dados. Assim, todos os movimentos, sejam troca de dados ou contratação de novos serviços, serão feitos mediante consentimento prévio. Assim, não haverá adesão automática e sim mais transparência.

A análise de crédito vai ficar mais completa?

A análise de crédito no Brasil já evoluiu muito nos últimos dois anos com a implantação do Cadastro Positivo. Com ele, já é possível ter a visão dos hábitos de pagamento dos consumidores e empresas atualizados periodicamente. Mas, com o open banking, mais dados estarão disponíveis. E quanto mais informação disponível, mais justa e completa será a análise de crédito. O que no passado era um desafio de escassez (ter informações sobre os consumidores e criar uma recomendação baseada em poucos dados) se tornará um desafio de abundância: conseguir extrair significado de uma nuvem de dados imensa e complexa e melhorar a recomendação de negócios a partir dela.

O cadastro positivo vai ficar obsoleto com o open banking?

O cadastro positivo traz dados dos hábitos de pagamento de empréstimos, financiamentos, consórcios e cartões de crédito. Mas este é apenas o início. Em breve, outras informações também integrarão o sistema, a partir da entrada de dados das empresas de telefonia, seguidas pelas provedoras de energia, água e até mesmo, no futuro, das empresas de varejo e outras linhas financeiras que consumam a capacidade de pagamento do consumidor. Já o open banking, centrado no sistema financeiro, permite a troca de dados de operações financeiras das instituições participantes com o consentimento prévio do consumidor. Apesar de serem menos amplos do ponto de vista de segmento da economia que o compõe (apenas setor financeiro), os dados do open banking podem ser mais detalhados, como a inclusão de informações referentes a seguros, boletos, investimentos e até limites de crédito. Isoladamente, cada ativo de dados tem bastante valor. Em conjunto, eles serão complementares e ainda mais valiosos e poderosos para tornar a análise de crédito mais justa e inclusiva.

O open banking está dentro da LGPD?

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é o marco regulatório que organiza todo o modo de operação da aquisição, armazenamento e tratamento de dados do Brasil. O open banking está sendo regulado pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de forma coordenada por meio de resoluções e normas suportadas pela LGPD.

O open banking é uma invenção brasileira?

O open banking já está em funcionamento em diversos países e regiões, como Austrália, Singapura e União Europeia, entre outros. E vale destacar o open banking no Reino Unido, considerado um dos casos mais bem-sucedidos no mundo.

Fonte: QUOD

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