Os dois lados da tecnologia

12/03/2018 |
Assunto: , Comportamento, Tecnologia

Os prós e contras da tecnologia e seus impactos no comportamento da sociedade

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Os avanços tecnológicos que a comunidade científica nos proporcionou ao longo dos milênios é, sem sombra de dúvidas, um dos fatores determinantes para que tenhamos hoje melhores condições de vida, mais expectativa de vida, mais empregos, mais informação e por aí vai. Mas é neste milênio, no século XXI que vivemos em uma era tecnológica que traz avanços incríveis e facilitadores, não só para questões profissionais, mas também no âmbito pessoal e social.

Mas será que tudo são flores? Um smartphone na palma da nossa mão com aquela quantidade incalculável de aplicativos para praticamente tudo realmente só faz bem para nós? Ter acesso às redes sociais pelo smartphone, fazer uma selfie e postar na hora, acessar portais de notícias e obter informações gratuitas em tempo real ou voltar a atenção para aqueles viciantes e divertidos joguinhos é, de fato, algo incrível, não é mesmo? Mas quantas horas por dia você passa fazendo tudo isso e quanto tempo você disponibiliza para se reunir com amigos e familiares e jogar aqueles divertidos jogos de tabuleiro? Você conhece alguém que passa o dia inteiro na frente de um computador ou vídeo game e só para na hora da refeição ou pra deitar no sofá ou na cama para ficar mexendo no celular?

Essa revolução tecnológica trouxe grandes avanços para as indústrias permitindo maior produtividade em menos tempo e gerando, assim, mais lucros. Nos proporcionou avanços no campo da saúde com novos medicamentos e tratamentos para o combate e prevenção de diversas enfermidades, além de permitir um diagnóstico cada vez mais precoce de diversas doenças. Quando o assunto é educação a tecnologia se torna ainda mais importante, pois permite uma democratização do saber e aproxima a escola da vida do aluno, sem contar que ficou muito mais fácil para estudantes universitários fazerem seus trabalhos, principalmente teses e monografias que não precisam mais serem escritas e reescritas em maquinas de escrever ou, até mesmo, à mão. Através de radares, câmeras, GPS, drones, entre outros, a tecnologia vem trazendo mais segurança para a sociedade e auxiliando na manutenção da ordem. Os avanços são percebidos em diversas outras áreas como na imprensa, com os eletrodomésticos, no transporte público, ou seja, em praticamente tudo que está a nossa volta.

A geração Z, dos nascidos de 1992 até 2010, ou seja, os que nasceram na tecnologia, cresceram tendo acesso a um mundo digital e não se imaginam vivendo sem acesso a internet, sem um smartphone que se atualiza todo ano, sem um vídeo game de última geração e, principalmente, sem redes sociais nas quais possam publicar suas fotos e receber suas tão sonhadas curtidas. Mas como nossos pais sobreviveram sem tudo isso?

Enquanto lá atrás tiravam fotos e aguardavam dias ou semanas para revelar e colocar em um porta-retrato ou naquele temido álbum de família que toda visita é intimada a ver, hoje em dia apenas pegamos nossos celulares, abrimos a câmera, tocamos na tela e pronto, é só publicar para que todo mundo veja, curta e comente. Quem já acessou internet discada tem pesadelos com aquele som até hoje, principalmente quando a rede caia e precisávamos reconectar e isso tudo sem falar da incrível velocidade de 50kbps.

Essa geração atual leva a internet para qualquer lugar, entra nas redes sociais a todo o momento e não sabe o que é esperar até uma certa hora para fazer uma ligação. Fato é que o smartphone se tornou uma extensão de nosso corpo, pois o utilizamos para quase tudo e conseguimos cuidar de assuntos pessoais e profissionais ao mesmo tempo.

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A quantidade de ferramentas disponibilizadas na forma de aplicativos facilita nosso dia, nos dão entretenimento, diversão, informação e nos permitem estudar e conversar com pessoas de qualquer lugar do planeta. Mas o que acabamos deixando passar despercebido é que estamos iniciando cada vez mais prematuramente nossas crianças ao uso de smartphones e tablets e isso pode ser muito prejudicial em diversos pontos como, por exemplo, na falta de exercícios físicos que levam ao sedentarismo e obesidade, na falta de interação com outras crianças trazendo transtornos comportamentais para o futuro e expondo essa criança ao risco de se tornar um adolescente ou adulto com dependência ao uso de tecnologia, também conhecido como Nomofobia, e problemas de visão, entre outros.

A nomofobia é uma compulsão caracterizada pelo medo irracional de permanecer isolado e desconectado do mundo virtual. Na abstinência do celular ou tablet (internet), os sintomas são muito semelhantes aos da síndrome de abstinência de drogas como álcool e cigarro. Vale a pena ressaltar que a nomofobia está geralmente relacionada com morbidades secundárias de outros transtornos, principalmente os transtornos de ansiedade, tais como fobia social, síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo. É um termo muito recente, que tem origem nos diminutivos inglês No-Mo, ou No-Mobile, que significa sem telemóvel. Daí a expressão “Nomofobia” ou fobia de ficar sem um aparelho de comunicação móvel.

A tecnologia foi criada para facilitar nossa vida, mas ao mesmo tempo em que cumpre seu papel ela também nos prejudica, pois nos torna dependentes e, em excesso, prejudica nossa saúde. O difícil é justamente encontrar o ponto de equilíbrio e usar estes aparelhos eletrônicos com moderação, mantendo essa liberdade que ainda temos. Em um mundo globalizado e que a internet surgiu para aproximar povos e culturas diferentes e permitir contato com pessoas distantes, essa mesma internet nos deixa tão presos a tela de nossos aparelhos que esquecemos que temos vizinhos e que podemos ver nossos amigos e parentes pessoalmente, mas mesmo quando conseguimos fazer essa reunião o celular ou está em nossas mãos ou está na mesa o mais próximo possível.

Houve um tempo em que buscávamos tecnologias que executassem tarefas que nós já fazíamos, mas de forma mais ágil. Hoje em dia estamos invertendo esta situação e parecendo mais com as máquinas do que as máquinas com a gente. A tecnologia não é nossa inimiga, quando utilizada de forma correta e com moderação, pois tudo em excesso faz mal. Precisamos impor limites e garantir que nossas crianças não façam uso excessivo destas tecnologias.

Fonte: Stand Edição 31 – Revista do Creci-RJ

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