Grupo de moradores que milita por causas ambientais e sociais assume apelido
Alice Giannini (de camisa preta) e outros cinco integrantes do grupo
Um grupo de moradores da Freguesia criado informalmente há décadas não deixa passar em branco nenhuma das mazelas que atingem o bairro.
Ele foi crescendo e se organizando, inclusive com a ajuda das redes sociais, e hoje reúne mais de cem pessoas que não se esquivam a comprar briga com quem desrespeita as leis. De tão atuantes, muitas vezes seus membros são chamados de “chatos” por vizinhos e comerciantes locais. Pois eles decidiram adotar a alcunha. São agora os Chatos da Freguesia, com muito orgulho.
– Quem luta pelo bairro é sempre chamado de chato. No nosso grupo, tem sempre alguém que vê alguma coisa errada e vai lá perguntar, se informar, além dos que buscam conscientizar outros moradores sobre temas diversos. Somos chatos, mas somos do bem e todos voluntários – conta a professora Alice Giannini, de 61 anos, que vive no bairro há mais 20.
Os participantes organizam manifestações e atualizam outros membros por meio de grupos de WhatsApp, Facebook e Instagram. Os motivos para mobilizações são diversos. E os chatos são setorizados:
– Tem os chatos dos animais, os das árvores, os dos buracos da rua, os das crianças, os dos idosos. Cada um cuida de uma questão, mas todo mundo se apoia.
Uma das bandeiras atuais é o replantio de duas árvores removidas há um mês da Rua Tirol. Os chatos alegam que ações como essa destroem e desvalorizam o bairro.
-Não vimos ninguém da Comlurb ou da prefeitura fazendo a remoção. Por isso, já pedimos o replantio à Fundação Parques e Jardins. Esse problema é muito comum. Algumas árvores cobrem os letreiros e os lojistas não gostam, outros querem o espaço para fazer estacionamento. É nesse momento que os “chatos” aparecem para cobrar – explica Alice.
Outro problema é o aumento dos assaltos, praticados quase sempre por criminosos de motos:
– Nós nos reunimos sempre com o 18º BPM. Queremos mais iluminação e mais rondas de viaturas.
Loteamentos irregulares, trânsito, infraestrutura precária, problemas no atendimento público de saúde, nada escapa. Um tema que tira os chatos do sério é o abastecimento de água:
– De alguns anos para cá começou a faltar água em vários locais. O bairro sofreu um boom imobiliário, e a distribuição ficou prejudicada, principalmente no local que eles chamam de fim de linha, nas ruas elevadas.
Houve conquistas, como a criação de um parcão no bairro. O que mostra o valor do grupo, diz a professora:
– Trabalhamos em prol do coletivo. Juntos somos mais fortes. Na área do Bosque da Freguesia, criado em 1992, por exemplo, haveria um grande empreendimento imobiliário. Não deixamos.
Fonte: O Globo Barra – 29/08/2021
Maíra Rubim
Nota do Portal Em Foco: Os Chatos da Freguesia, na sua maioria, são associados da AMAF – Associação de Moradores e Amigos da Freguesia