O BOOM DO BITCOIN E OS REFLEXOS NO MERCADO IMOBILIÁRIO

18/10/2018 |
Assunto: , Economia, Imóveis, Negócios

Se no início da década alguém apostasse na supervalorização do Bitcoin e na expansão das criptomoedas poderia ser taxado de louco. Pois bem, no ano de 2017, a principal moeda digital alcançou valorização de 1.500%, chegando a valer U$$20 mil. Mas o que a diferencia de outros tipos de moeda mais tradicionais?

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Basicamente funciona tal como o real, dólar ou euro, sendo a diferença básica que não é possível tocar e nem encontrar um bitcoin perdido na carteira ou dentro de um cofrinho.

Algumas dúvidas pairam sobre o surgimento e as formas de aquisição da moeda digital. Criada em 2008, o bitcoin, ao contrário das moedas físicas, não é emitido pelo Banco Central de nenhum país. Um programa de computador amplamente complexo é responsável pela criação dos bitcoins. A aquisição da moeda pode ser feita de duas maneiras: em casas de câmbio específicas ou atuando como um minerador para validar as operações e formar blocos que geram bitcoins, que, assim que gerados, são divididos entre os computadores que estavam minerando as moedas.

Diante da complexidade, computadores domésticos atualmente não têm chances de fazer frente com os mineradores profissionais, que lançam mão de supermáquinas para conseguir o maior número de moedas digitais.

As criptomoedas são guardadas em um tipo de carteira, no momento em que o usuário realiza o cadastro, recebendo também um código composto por letras e números, mais conhecido como “endereço”, usado nas transações.

De acordo com o Mapa interativo Coinmap.org até o final de 2017 mais 11.200 estabelecimentos em todo o mundo, sendo a maioria nos Estados Unidos e Europa, já atuam e aceitam as criptomoedas. E o mercado brasileiro começa a ingressar nesse segmento. Pelo Coinmap.org são mais de 180 locais cadastrados e que já trabalham com bitcoin no país.

Já é possível comprar computadores, viagens, games, aulas, entre outras possibilidades. No Recife, o Shopping Paço Alfândega será o primeiro a aceitar a criptomoeda como pagamento em todas as suas lojas até o final do ano. Mais uma prova da expansão do bitcoin, que, é claro, vem provocando debates sobre os impactos no mercado imobiliário. Já é viável comprar imóveis através das criptomoedas. A aposta das empresas do setor é no sentido de utilizar a moeda digital para diversificar as possibilidades de pagamento e como forma de demonstrar inovação.

Em termos práticos, a moeda digital tem sido utilizada em transações financeiras em todo o mundo, mas também é crescente o número de investidores que apostam alto no bitcoin. E para esses investidores representa uma alternativa de adquirir o primeiro imóvel, já que muitos daqueles que possuem a moeda digital são jovens que passam a ter a possibilidade de comprar uma unidade para morar ou até mesmo revender ou alugar para gerar um rendimento.

No país, a Tecnisa começou aceitar bitcoins como parte da entrada do pagamento (5% do valor da entrada) no ano de 2014, sendo a pioneira nessa prática aqui no país, mas só no final do ano passado conseguiu concretizar as duas primeiras vendas, destacando que houve um grande volume de procura de clientes interessados em comprar imóveis por meio da criptomoeda nos últimos meses. Os imóveis negociados por bitcoins estão localizados no Estado de São Paulo.

Para Romeo Busarello, Diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa essas ações reforçam o papel estratégico da inovação para a perenidade do negócio:

– A companhia atrela os projetos à capacidade de geração de receita via desenvolvimento de produtos e serviços atrativos, a processos que reduzam o ciclo e aumentem a eficiência e a soluções que criem experiências diferenciadas. Esses pilares aumentam a competitividade, permitem crescimento sólido e sustentável, fortalecem marca e são fontes de motivação.

Nos Estados Unidos, proprietários já estão aceitando exclusivamente bitcoins para a venda de seus imóveis. No final de 2017, em Miami, uma cobertura foi colocada a venda por 33 bitcoins que com a cotação da época equivalia a quase 1 milhão e 800 mil reais.

Para proporcionar segurança ao funcionamento do bitcoins, é importante entender o blockchain, traduzindo para a prática, como a estrutura de dados que faz o registro de uma transação, sendo cada uma assinada para garantir autenticidade e impedir adulterações, proporcionando integridade às negociações. E essa segurança proporcionada levanta uma série de questões, em um cenário de crescimento da utilização de moedas digitais no mercado imobiliário, que impactos serão provocados nos trâmites do setor.

O blockchain pode permitir que todas informações de um imóvel possam ser criptografadas e armazenadas, criando um histórico de transações e possam ser transmitidas nas negociações posteriores.

Outra possibilidade é através do bitcoin criar um título digital para a transferência do imóvel em processo fácil, rápido e barato quanto enviar um e-mail.

Mesmo com um início de ano que registrou uma certa volatilidade da criptomoeda, chegando a custar U$$ 6 mil e um ciclo de recuperação a partir de fevereiro, os investidores permanecem atentos ao bitcoin. Durante o Carnaval, um investidor comprou 41 mil moedas digitais, totalizando um investimento de U$$344,4 milhões.

A curiosidade e interesse pelo bitcoin e de como funciona na prática e se pode lucrar com esses investimentos é crescente. Mas é importante entender que o bitcoin e demais moedas digitais apresentam grandes variações de valor sendo necessário um amplo estudo e maior entendimento para realizar investimentos.

Fonte: Stand Edição 41 – Revista do Creci-RJ

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