Conheço essa realidade. Secretária de Ação Comunitária do Governo Eduardo Paes,
Marli Peçanha que ir fundo nas necessidades da periferia
Foi através da educação que Marli Peçanha, Secretária de Ação Comunitária do governo Eduardo Paes, viu sua vida mudar. Nascida e criada na Cidade de Deus, favela da Zona Oeste do Rio, a carioca nunca esmoreceu diante das estatísticas e, com muita força de vontade e o sonho de criar uma nova realidade para si e para o próximo, iniciou o magistério. De lá para cá, não demorou para que o envolvimento com política aflorasse.
Potencializando seu local de fala, ela se dedica a fazer a diferença entre a população periférica. “Difícil crescer em comunidade onde as oportunidades são muito poucas. Mas a educação é o grande elemento transformador da sociedade e foi acreditando nisso que me tornei professora”, conta ela, que, aos 17, alfabetizou o pai, seu Clementino, na época, com seus 50 e poucos anos. “Meu maior orgulho”, destaca Marli. “A política veio seguindo a trilha da educação. É um instrumento capaz de mudar a vida das pessoas, tanto da favela quanto do asfalto”, aponta.
A trajetória da Secretária, de 65 anos, foge a curva da maioria dos moradores de favela, que penam o preconceito e a falta de oportunidade. “Amor, dedicação e muito trabalho me ajudaram a vencer o preconceito estrutural. Sempre tive em mente que o que gostava de fazer era ajudar o próximo. Amo o que faço e sei da importância de ser uma ponte entre a necessidade e a realização”.
Cheia de esperança e com a vontade de colocar a mão na massa em prol da população carente, Marli vê sua nomeação à secretaria uma grande oportunidade de fazer o que não fizeram por ela. Ideias não faltam. “Eu conheço de perto essa realidade. O mais importante é ser um canal que represente a voz das comunidades”, diz Marli, com projetos para habitação, turismo e meio ambiente em sua esperançosa gestão. “Os moradores e as lideranças comunitárias estão confiantes, assim como nós. É possível mudar essa triste realidade e melhorar a vida de todos”, diz, que teve dois mestres na empreitada: o professor Darcy Ribeiro e Brizola.
Esperança em dias melhores
Após tantos anos de negligência com as comunidades, esse olhar de pessoas com local de fala no governo traz a representatividade necessária para os moradores das periferias. Os obstáculos, no entanto, são grandes. “Reduzir as desigualdades, o preconceito e aumentar a autoestima dos moradores de favela são nossos desafios. O programa Favela com Dignidade nasce com esse objetivo. Ele abriga três grandes projetos: o Casa Carioca, o Turistando e o Recicla Comunidade.”
Além dela, a Prefeitura do Rio conta com outros secretários vindos de comunidades. Uma vitória para a política. “Estamos vencendo aos poucos o preconceito. Não podemos deixar de acreditar que é possível, através de trabalho sério e honesto, mudar a vida das pessoas. Trazer esperança e fé em dias melhores.”
Fonte: Meia Hora
Leonardo Rocha