A Uber é uma Fraude

09/09/2021
| Colunista: , Pedro Paulo Carvalho
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Assunto: , Automóveis, Motos e Bicicletas, Negócios

Se a empresa quer contribuir com os cariocas, que tal começar a pagar
tributos pelo uso das ruas da cidade?

PedroPauloCarvalho20210909

Quem me acompanha conhece minhas críticas às empresas de transportes por aplicativo, em especial a Uber, gigante da tecnologia que representa o que há de pior nesse modelo de negócio. Recentemente, fui questionado por um veículo de imprensa sobre a razão de ter recusado doação de R$400 mil em vouchers da empresa para “ajudar” na vacinação dos cariocas. Disse e repito: o Rio não quer esmola. Se a Uber quer contribuir com os cariocas, que tal começar a pagar tributos pelo uso das ruas da cidade?

Vamos olhar para a empresa exatamente pelo que ela é, sem o véu da suposta responsabilidade social? O jornalista canadense Cory Doctorow publicou um texto bastante didático sobre artimanhas da Uber para esconder que está prestes a falir e seguir atraindo investidores. Cory mostra, citando outros autores, como a empresa vem perdendo dinheiro – bilhões e bilhões de dólares – vendendo promessas de produtos que nunca serão rentáveis. Ele usa como exemplo a fantasia dos carros autônomos e o serviço de delivery, que só deram prejuízo.

Mas a Uber declara que teve lucro. Como? Segundo Doctorow, como qualquer bom fraudador, a empresa mente. O jornalista mostra que a empresa perdeu US$7,9 bilhões entre 2019 e 2021. Seus truques financeiros envolvem gambiarras de contabilidade como considerar lucro sem despesas como juros, impostos, depreciação e amortização – só com isso, Doctorow aponta que a empresa ignorou, no último balanço financeiro, despesas de US$2 bilhões.

A realidade é que a Uber vai acabar. A limpeza da sujeira que ela deixará durante o processo caberá à sociedade. A Uber congestiona as cidades, submete seus motoristas a uma série de riscos, atrapalha a vida dos pedestres e dos ciclistas. Aqui na cidade do Rio, estamos batalhando para regular esse transporte.

Um decreto da prefeitura criou uma taxa de 1,5% sobre o faturamento, para que a empresa ofereça algum tipo de compensação pela circulação dos seus quase 90 mil carros nas ruas cariocas. A medida foi parar na Justiça. A propósito, vale lembrar que o município do Rio só teve acesso ao número de carros que circulam na cidade por força da Justiça, já que a empresa se recusa a ser transparente.

Uma simples análise dessas informações fornecidas pela primeira vez mostrou que a Uber é quem mais coloca as pessoas em risco no trânsito. A chance de um passageiro vivenciar uma infração de trânsito dentro de um veículo da Uber é o dobro do que em táxis, 50% maior que em ônibus e 20% mais alta que em vans. E mais, os veículos da empresa cometeram cinco vezes mais infrações por transitar em velocidade 50% acima da permitida que os outros três modais juntos. Isso sem mencionar conversões proibidas, avanços de sinal e paradas em faixas de pedestres.

Infelizmente, quando o assunto é responsabilidade no trânsito, a empresa se faz de morta. E, com a suspensão do decreto, ela, sozinha, deixa de recolher R$12 milhões ao ano para os cofres municipais, dinheiro que poderia ser empregado na melhoria das vias por onde seus carros circulam. A Uber pode contar as histórias fantasiosas que quiser, mas a verdade está aí. A empresa perde dinheiro, bilhões de dólares, congestiona cidades, sufoca motoristas, desrespeita ciclistas, oferece risco a pedestres e faz malabarismos financeiros para fingir que não está indo para o buraco.

+Pedro Paulo Carvalho

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