Vivemos estranhos momentos históricos
A pandemia está deixando claro, aspectos de nossa sociedade que merecem atenção especial. Vejamos.
Nos anos 60 vivemos um interlúdio entre o que existia e o que poderá um dia existir – hippies coloridos e alegres pregavam um mundo de paz e amor, de liberdade, de alegria. Para muitos, um bando de drogados vagabundos que não queriam trabalhar, para outros uma corrente de ar fresco tentando melhorar a respiração no planeta. Eles trouxeram uma onda de liberdade, liberação e, gerando, infelizmente, uma dose alta de libertinagem que tomou conta de vários aspectos da sociedade: sexualidade, cultura e até política. Quem poderia imaginar, antes deles, um negro na presidência norte-americana. Pois bem, depois de tanta “liberdade” estamos vivendo uma volta, desastrosa, a antigos valores e costumes. Acompanhem-me, por favor.
A escravidão dominou a história da humanidade por muitos séculos, finalmente, no final do século IXX ela começa a ser abolida. Surpresa, em pleno século XXI vemos negros sendo sufocados por joelhos brancos nos shoppings da vida. Retrocesso histórico.
Mulheres eram propriedade de seus maridos e não tinham direitos, pois eram consideradas seres sem alma. De repente aumenta o número de feminicídios, o estupro ainda é considerado culpa dela que se ofereceu e as mulheres têm que se organizar e lutar por seus direitos como se ainda estivéssemos na Idade Média.
Dinheiro sempre foi um valor capaz de conduzir as sociedades humanas, mas foi na época das Grandes Navegações que o “Deixai vir a mim os pobres” foi substituído por “muitos serão chamados e poucos serão escolhidos” e os escolhidos poderiam ter a certeza da salvação se estivessem vivendo bem, em condições de riqueza (para maiores informações, leiam A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber). Neste século XXI, infelizmente, só nos restou um ideal: enriquecer! Triste ideal que é totalmente dizimando por um minúsculo vírus que inverte a ordem das coisas e deixa os ricos e os pobres na mesma situação – vítimas.
Finalmente temos a mais inacreditável das ressurreições – a volta o Absolutismo. Líderes mundiais, sendo dois deles bem nossos conhecidos, se arvoram o direito de dizer: “Vai ser assim porque eu quero” e o mundo assiste boquiaberto, a mais ridícula manifestação de tentativa de tomar o poder que já se ouviu falar: o louro bicudo faz beicinho e diz que foi roubado e que ele deveria reassumir o poder. E o mais incrível: uma enorme quantidade de pessoas, lá, aqui e acolá, aplaude esta atitude bisonha como se o querelante fosse um rei, com direitos divinos ao poder absoluto.
Estão me acompanhando? O que virá agora? Encontrei a resposta nas páginas do livro que deu título ao artigo. A Terceira Onda, neste livro o autor explica que a segunda onda, representada por todos os valores antigos acima citados, sabe que está chegando ao fim, pois a terceira onda vem com força e poder, embora não tenha ainda definido seu próprio rumo. Diz o autor que os da segunda onda estão forçando a barra para permanecer no status quo do mesmo modo que os ricaços da época fizeram questão de ter cadeiras de honra no Titanic e acabaram afundando com todos os demais.
Estarmos no momento mais crucial do confronto ente as duas poderosas ondas é a única explicação lógica que encontro para justificar tantos desvarios de presidentes e do próprio povo. A Terceira Onda virá e inúmeros aspectos de nossa organização social serão modificados e, espero eu, melhorados, trazendo consigo um pouco da alegria dos hippies, mas, sobretudo fazendo brotar nos corações humanos os dois grandes valores defendidos por eles: PAZ e AMOR.