Será que tudo que você acredita na hora de comprar seu vinho é real?
Hora da verdade! Nada de muitas regras ou explicações longas e teóricas demais. O nosso tira-dúvidas é super objetivo.
Quanto mais velho o vinho, melhor
Essa definição é coisa do passado. Isso porque antigamente não existiam tantas técnicas de produção quanto hoje em dia, por isso eles precisavam ficar guardados mais tempo para ficarem potáveis.
Atualmente, o enólogo consegue fazer um vinho que pode ficar pronto no mesmo ano da colheita, um ano ou dois após a safra, dependendo do tipo de vinho que ele queira produzir. Da mesma forma, ele pode produzir vinhos mais longevos, que podem envelhecer 30 anos ou mais. E ainda existem os mais frutados, leves e frescos que podem ser consumidos no mesmo ano da safra. Tudo depende exclusivamente do que o enólogo deseja obter como resultado.
Os vinhos mais caros são os melhores
Bom, se o vinho em questão é caro, existe uma certa obrigação do produtor em oferecer algum diferencial que justifique seu preço. Mas a definição de melhor é muito subjetiva, porque cada um tem a sua preferência e seu paladar.
Entretanto, existem vinhos que, por conta de alguma safra especial ou uma pontuação importante, obtiveram um valor agregado no mercado. Mas pode acontecer do mesmo vinho continuar com o preço alto mesmo após a sazonalidade de uma safra especial. Ou seja, o consumidor acaba pagando pela marca, mesmo quando não existe mais aquela exclusividade ocasional.
Tinto para o frio. Rosé e branco para o calor
Essa definição não constitui um mito, mas também não é uma regra. Tal distinção é uma escolha natural, mas só pode ousar quem tem conhecimento de causa. Por isso é bom saber que existem tintos para o verão e rosés e brancos mais encorpados.
No calor, você pode optar por um tinto mais leve e fresco que não tenha passagem em madeira. E no frio, por que não um vinho rosé mais estruturado que possa ser servido em uma temperatura mais alta que o normal? Brancos fermentados em barricas de carvalho também costumam ser servidos em temperatura mais alta e são propícios para o inverno.
Prova de que os tintos podem ser perfeitos no verão é a tendência dos vinhos em lata: práticos para levar para a praia, para a piscina e até no piquenique. Além dos vinhos, a novidade ready-to-drink já chegou no mundo das bebidas famosas, como o gin tônica, vodka e hard seltzer.
Rosés são feitos com sobra de tintos
Mentira. Vinhos rosés são feitos a partir das uvas pretas, cujo no processo de maceração (depois da prensagem da uva) o contato com a casca dura poucas horas. Enquanto na produção do tinto a maceração leva entre 8 e 15 dias, na do rosé dura no máximo 24 horas, dependendo da tonalidade e do tipo de aroma que o produtor queira obter.
O fundo da garrafa mostra a qualidade do vinho
Não, isso é puro mito. Os grandes vinhos de Bordeaux premiados são garrafas finas, simples e achatadas na base. Hoje em dia o mercado trabalha muito a questão do Design de embalagens, e algumas garrafas bem elaboradas podem dar a impressão de um vinho melhor. Entretanto, pode ser puro marketing.
Champagne é sinônimo de espumante
O champanhe é um espumante abençoado por Deus, por conta do terroir específico da região de Champagne na França, que dá origem a bebidas de altíssima qualidade.
Todo champagne é espumante, mas nem todo espumante é champagne.
Reserva e Reservado são a mesma coisa
A definição de Reservado foi uma bela jogada de marketing, principalmente dos produtores chilenos. Ele é o vinho mais básico da safra, enquanto o Reserva é um vinho mais elaborado, que tem uma qualidade superior e geralmente passa em barricas de carvalho.
A rolha mostra a qualidade do vinho
De certa forma isso é real, pois o tamanho e qualidade da rolha mostram que o produtor teve um investimento a mais na produção e se preocupou com a melhor forma de armazená-lo. Vinhos mais complexos vão receber rolhas maiores e melhores.
A escolha do tipo de rolha também mostra a preocupação do produtor com o armazenamento do vinho.
Contudo, você com certeza já se deparou com rolhas sintéticas, e ficou na dúvida sobre a qualidade do vinho. Saiba que esses modelos alternativos possuem um papel importante no mercado do vinho atual, trazendo benefícios em relação à qualidade e custo, e vamos lhe dizer a seguir o porquê: são uniformes e muito fáceis de abrir.
Vinhos feitos de blend de uvas são piores
Não! Os blends dão complexidade aromática e gustativa ao vinho, agregando características de cada cepa.
Os grandes vinhos de Bordeaux, por exemplo, raramente são monovarietais e geralmente são blends de cepas como Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, entre outras, em menor proporção. Outros exemplos de blends de alta qualidade são alguns super toscanos e rótulos sulamericanos como o conhecidíssimo Almaviva e o chileno premiadão Seña.
Um blend é quando o enólogo pinta um quadro. Ele é o artista, fazendo combinações de aromas e sabores de cada variedade para encontrar o perfeito equilíbrio.
Vinho doce, leve e suave. É tudo igual
Não. Essas são classificações completamente diferentes.
Vinho leve é um vinho seco de pouca estrutura para consumo imediato, como brancos e rosés, e vinhos mais frutados como Gamay e Pinot Noir.
Já o vinho classificado como suave tem uma quantidade a mais de açúcar residual além do vinho seco. E o vinho doce apresenta um açúcar residual ainda mais alto, tanto os de qualidade baixa feitos com uvas não viníferas (garrafões), quanto os doces fortificados como o Madeira, Marsala, Jerez e do Porto.
Existem também os doces feitos com colheita tardia, quando a uva resseca e concentra mais açúcar, para serem utilizado em sobremesas e acompanhando queijos azuis, os melhores queijos para encerrar uma deliciosa recepção com queijos e vinhos.
Por fim, há ainda os vinhos doces elaborados com uvas botritizadas, em que as uvas sofrem ação de um fungo (Botrytis cinerea) que desidratam a uva, eliminando a água e concentrando açúcar.
Fonte: Zona Sul
Dionísio Chaves
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