Multas e Reboques

25/05/2015
| Colunista: , Célio Lupparelli
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Assunto: , Automóveis, Motos e Bicicletas

Multas e Reboques indiscriminados infernizam a vida dos motoristas no Rio de Janeiro

CélioLupparelli20150525

É verdade que alguns motoristas não se comportam adequadamente e abusam, estacionando veículos em lugares proibidos, em pontos que dificultam ou impedem o deslocamento e a passagem das pessoas nas calçadas, de forma especial os cadeirantes, os idosos e os carros de bebê e geram, com isso, desordem urbana.

Também é verdade que alguns indisciplinados motoristas abusam da dose na velocidade com que conduzem os automóveis, pondo em risco a própria vida e a vida de outrem. Em certos casos, avançam semáforos, invadem acostamentos e calçadas e atropelam e matam pessoas, transformando os carros em armas contra a Sociedade.

Não há, pois, uma cultura do bem ao volante para esses que usam carros, ônibus e caminhões sem o devido preparo e o respeito pelos limites impostos pelo bom senso e pela legislação.

Para nosso alento, esse contingente de irresponsáveis não é a maioria. Constitui uma parcela minoritária que, entretanto, causa danos de grande repercussão e suas formas de agir devem ser contidas severamente. Para isso, as sanções são válidas.

Por outro lado, esse quadro não deve servir de justificativa para a forma abusiva com que o Poder Público vem se utilizando de reboques de carros e de multas aplicadas de forma selvagem como vem ocorrendo. A voracidade das empresas que, por concessão, praticam os reboques é mais agressiva do que a própria agressividade dos maus motoristas.

O que se tem constatado é que, em vias estritamente residenciais e com baixo movimento de carros, não se pode estacionar em lugar algum, já que, mesmo onde não há nenhuma indicação de proibição, as operações de reboques e multas surgem, de repente, e com a mesma pressa que aparecem, capturam veículos ou colam no vidro do carro um papel indicativo de multa, e desaparecem. A atitude assemelha-se a uma ação de delinquente que, com medo da autoridade policial e do flagrante, furta e corre para não ser pilhado.

Os motoristas, na Cidade do Rio de Janeiro, comportados ou não, andam apreensivos e inseguros com as práticas indiscriminadas e, por vezes, irracionais, dos reboques e das multas. As caçadas aos carros estacionados não têm hora nem dia. Até pela madrugada, os temerosos e odiosos reboques andam a espreita, como vampiros à busca da próxima vítima, pelas ruas escuras. Perambulam à espera de um carro parado para que possam saciar sua sede: apreender e levar um carro para os pátios das empresas, onde a saga do motorista vai começar assim que ele tomar ciência da fúnebre notícia de que seu carro está em um depósito.

As empresas de reboques não param nos sábados, domingos ou feriados. Nós, proprietários de carro e motoristas nos sentimos como marginais, imaginando que seremos os próximos a serem punidos, mesmo que não saibamos a razão, porque não há definição lógica de onde se pode parar com nosso veículo. Parece de propósito, pois a desinformação facilita e justifica a operação absurda e cruel. Essas práticas deveriam ser exceções, mas são regras; primeiro pune, depois, orienta.

Há rumores de que existem interesses escusos de políticos e empresários donos de empresas e depósitos de reboque. Corre, à boca pequena, que há voracidade na arrecadação de valores para fazer caixa da prefeitura. Tudo isso são rumores, mas, onde há fumaça, há fogo, diz o ditado popular.

Não se pode negar que o inferno está no Rio de Janeiro para os motoristas. O desespero é total. A desinformação é plena. Não há estacionamentos suficientes, pois, em muitos bairros e no centro da Cidade, esses espaços públicos foram reduzidos ao mínimo ou desapareceram. Com isso, surgiram os estacionamentos particulares, mas eles são muito caros e insuficientes.

Uma outra questão relevante é o prejuízo que os comerciantes estão sofrendo por conta da carência de estacionamento e da desenfreada aplicação de multas e reboques. Muitas lojas comerciais não suportam e estão fechando as portas, gerando desemprego e transtornos.

Essa questão tem que ser repensada pelos administradores públicos que comandam o setor de trânsito e dessas operações punitivas no Rio de Janeiro.

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