Literatura de Cordel é uma manifestação literária do interior do nordeste brasileiro
Também conhecida no Brasil como folheto, literatura popular em verso, ou simplesmente cordel, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos.
É um gênero textual literário, que apresenta rimas e narrativas de histórias da tradição do nordeste brasileiro, grande parte, possui xilogravuras e tem finalidade comercial. O cordel é, também, um gênero acessível, o que o torna essencial na manutenção do hábito de leitura.
O Cordel é feito em versos com métrica e rima e caracterizado pela oralidade e por uma linguagem informal. Seu formato foi inspirado nos cordéis lusitanos, trazidos ao Brasil pelos colonizadores portugueses.
O nome literatura de cordel tem origem na forma como esses folhetos são vendidos, eles normalmente são pendurados em barbantes, cordas ou cordéis.
A chegada de Lampião no céu, de Rodolfo Coelho Cavalcante
Esta é, provavelmente, a narrativa de cordel mais popular. Em A chegada de Lampião no céu, o autor Rodolfo Coelho Cavalcante ilustra o imaginário social sobre como teria sido a redenção da alma de Lampião, primeiro no inferno e depois no paraíso.
“Lampião foi no inferno e depois no céu chegou. São Pedro estava na porta e Lampião então falou: – Meu velho não tenha medo, me diga quem é São Pedro. E logo o rifle puxou!”
Como chegou ao Brasil?
Foi no século XVIII que a literatura de cordel chegou em nosso país. Durante o início da colonização os portugueses a trouxeram e aos poucos ela começou a se tornar popular. Há quem afirme que os folhetos foram introduzidos no Brasil pelo cantador Silvino Pirauá e em seguida pela dupla Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista. Inicialmente, quase todos os autores da literatura de cordel brasileira eram cantadores. Estes improvisavam os versos na hora que estavam cantando, viajavam pelas fazendas, vilarejos e pequenas cidades do sertão.
Características
A literatura de cordel possui algumas características bem peculiares, veja algumas das principais características desse gênero:
* Suas ilustrações são feitas por xilogravuras.
* Possui uma essência cultural muito forte, pois relata tradições culturais regionais e contribui bastante para a continuidade do folclore brasileiro.
* São baratos e por isso atingem um grande público e isso acaba sendo um incentivo à leitura.
* Quando os textos são considerados romances temos alguns recursos muito utilizados na narrativa, como: descrição de personagens, monólogos, súplicas, preces por parte do protagonista.
* Suas histórias têm como ponto central uma problemática que deve ser resolvida com a inteligência e astúcia do personagem.
* Sempre há um herói que sofre por não conseguir ficar com o seu amor, isso pode ser devido a uma proibição dos pais, noivados arranjados, coisas que impedem o casal de ficar junto.
* No final da história, o herói sempre sai ganhando, caso ele não consiga realmente o que queria há outra forma de equilibrar a história e fazer com que ele seja favorecido de alguma forma.
Poemas de Cordel: se apaixone pelas características ÚNICAS dessa literatura
Ser Nordestino – Bráulio Bessa
Sou o gibão do vaqueiro, sou cuscuz sou rapadura
Sou vida difícil e dura
Sou nordeste brasileiro
Sou cantador violeiro, sou alegria ao chover
Sou doutor sem saber ler, sou rico sem ser granfino
Quanto mais sou nordestino, mais tenho orgulho de ser
Da minha cabeça chata, do meu sotaque arrastado
Do nosso solo rachado, dessa gente maltratada
Quase sempre injustiçada, acostumada a sofrer
Mas mesmo nesse padecer eu sou feliz desde menino
Quanto mais sou nordestino, mais orgulho tenho de ser.
Peleja – Manoel Monteiro
Terra de cultura viva, Chico Anísio, Gonzagão, Renato Aragão, Ariano e Patativa
Gente boa, criativa
Isso só me dá prazer e hoje mais uma vez eu quero dizer
Muito obrigado ao destino, quanto mais sou nordestino
Mais tenho orgulho de ser.
Pernambuco é o torrão
Em que eu nasci e andei
Após uso da razão
A poesia abracei
E saí vendendo versos
Na Paraíba aportei.
Chegando em Campina Grande
Novato e desconhecido
Na quarta fui para a feira
Cantar versos carecido
De ganhar dinheiro pois
Estava desprevinido.
+Sandro de Moura
+Conhecendo o Nordeste