Devo confessar uma coisa: eu queria ser médico. Cheguei a passar no vestibular, mas minha vida acabou tomando outro rumo. Tentei ser médico, mas me tornei advogado.
Como advogado, há décadas eu participo da defesa intransigente dos direitos humanos (direito à saúde, trabalho, segurança, entre outros) e do meio ambiente, mas até hoje não consegui mudar nada destes tempos sombrios que rondam o Estado onde vivo.
Eu tenho parceiros para estas lutas sem fim, homens e mulheres animados pela vontade de realizar mudanças e de buscar justiça para todos. A gente tenta, mas não consegue!
Já tentei ficar indiferente à miséria humana que me cerca, transformando-me em um mero observador indiferente às dores e ao sofrimento do povo, mas não consegui. Continuo insistindo, mas é muito difícil lutar esta luta que envolve autoridades e políticos indiferentes contra um povo desmotivado e sem esperança. Difícil e injusta!
Vivo e sofro diariamente, então, com esta batalha sem fim que é travada entre estas autoridades e estes políticos tão indignos, e este povo tão indignado. E prefiro ficar sempre do lado mais fraco, o dos indignados!
Já tentei até me fingir de cego para fingir que não estou vendo esta degradação desumana e arrasadora que nos aflige mais e mais a cada dia. Tentei, mas também não consegui!