Que ano esquisito. Não me lembro de ter vivido um ano mais esquisito do que este.
Foi esquisito para você também? Aposto que sim
Estou vendo muita gente deprimida, outras tantas zangadas e a grande maioria perdida, sem saber que rumo tomar. Os que acreditam em Deus, se apóiam na fé. Os que acreditam no dinheiro, se apóiam na corrupção ou na imaginação tentando alcançar seus objetivos. Os que desejaram coisas boas no 31 de dezembro de 2019 olham desanimados para estes estranhos meses de 2020.
E eu fico pensando nos planos de glória, sucesso, realização, amor, saúde e felicidade e na transitoriedade de tudo. Um vírus invisível muda o rumo de tudo. Dá para pensar.
Penso em como é esquisito o mundo em que vivemos e o modo como pensamos nesta moderna e imprevisível sociedade em que também vivemos. Buscamos todos os prazeres da vida e tentamos de todos os modos prolongar a vida, ao mesmo tempo, criamos armas tão destrutivas que ameaçam a sobrevivência da espécie e, pelo o que podemos ver nos filmes, seriados, nas notícias de jornais e até na música e na arte, o que nos dá maior prazer é ver explosões, tiros, violência, traição, desonestidade e sexualidade desenfreada. Isto é bem esquisito, não acham?
O que aconteceria se tomássemos a mais esquisita das atitudes e passássemos a aceitar a vida como ela é e tentássemos, talvez pela primeira vez, olhar bem dentro de nós e perguntássemos: quem sou eu nesta história esquisita?
Exemplos não faltam. A economia mudando de aparência e muitos negócios estão voltando a funcionar com trabalho em casa, serviço de entrega e inúmeros outros exemplos de criatividade e realizações. Professores aprendem a dar aulas online e se desdobram para ajudar o maior número possível de alunos. Casais aprendem a conviver um com o outro e pais voltam a assumir a doce tarefa de conviver e educar os próprios filhos.
Infelizmente muitos outros se revoltam contra a vida e vemos aumentar a violência e o crime. Será que eles se perguntaram quem são e que papel devem representar nesta esquisita situação?
O mais esquisito deste ano esquisito é que fica bem claro que nesta vida nem tudo o que desejamos pode ser alcançado, nem tudo o que planejamos chega a ser realizado e que nem tudo que queremos viver possa ser vivido. A solução é desistir?
Não. Se a resposta à pergunta fundamental “Quem sou eu nesta história” for respondida encontraremos respostas interessantes e pacifistas – sendo as mais importantes: posso ficar em paz comigo mesmo; posso olhar a necessidade do outro; posso colaborar para que esta esquisita situação se transforme em algo menos esquisito e mais agradável de viver.
Cabe a cada um de nós decidir se vamos assumir o papel de monstro cruel ou se decidimos ser um esquisito ser humano. Isto mesmo, simplesmente humano, figura bem esquecida no modelo que tínhamos antes da pandemia e muito necessária nesta nova sociedade que necessariamente surgirá após este esquisito ano que estamos vivendo.