ENSINO A DISTÂNCIA: PROBLEMAS RELACIONADOS AO TEMA

08/04/2020
| Colunista: , Célio Lupparelli
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Assunto: , Direitos Humanos, Educação, Saúde

Sabemos que o momento é difícil. Não há soluções simples para problemas complexos. A prioridade, hoje, é salvar vidas. As perdas no ensino e na educação poderão ser recuperadas, mas as vidas, não

CelioLupparelli20200408

Por conta da pandemia Covid-19, estamos vivendo o período de isolamento social e temos a suspensão das aulas nas unidades escolares. Surgiu, então, a proposta do ensino a distância, a fim de tentar compensar a falta das aulas presenciais.

Essa metodologia, a nosso ver, só é válida quando o aluno tem, ao seu redor, condições absolutamente favoráveis, como ambiente tranquilo, apoio da família e autodisciplina didática e pedagógica.

Além disso, há que se ter em mente a proposta da política geral de educação escolar pública, que não pode se limitar às práticas de ensino para mais de 600 mil alunos da Rede. A educação escolar é uma atividade mais ampla e mais complexa que o ensino escolar. A educação escolar não pode ser a distância, pois depende de um profissional habilitado e com vocação para o exercício desta prática, fundamental para a promoção do saber e da cidadania. Ensinar, no sentido estrito, é transmitir conhecimento.

O ambiente escolar é fundamental no processo educacional. Os alunos se educam em sala de aula, na quadra de esportes, no refeitório. São muitas as ações educativas, como a socialização, a troca de experiências e a oportunidade de conviver com as diferentes situações que possibilitam o crescimento social. Isso não ocorre no processo de ensino a distância. A proposta da Educação Escolar é de ser integral, inclusiva e democrática.

Temos que considerar que grande parcela dos alunos da Rede Municipal vive em áreas de conflito, não tem internet, não tem família socioeconomicamente estruturada e, portanto, não dispõe das condições para concentração e aprendizado sem a presença de um profissional de educação.

Isolados, esses alunos não terão o desempenho necessário para acompanhar os outros afortunados. Estaremos aprofundando a injustiça social, por estarmos priorizando alguns. Vê-se, portanto, que as limitações do aluno não se resumem na ausência de internet ou na sua substituição por apostilas.

É uma ação que requer outros ingredientes para a sua implementação.

Sabemos que o momento é difícil. Não há soluções simples para problemas complexos. A prioridade, hoje, é salvar vidas. As perdas no ensino e na educação poderão ser recuperadas; mas, as vidas, não.

+Célio Lupparelli

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