Na cidade do Rio, esse serviço é realizado principalmente pela Comlurb, que dá o destino adequado a materiais que podem ser reciclados e retornar ao ambiente
Você já parou para pensar na quantidade de lixo que produzimos diariamente e para onde vai todo esse resíduo gerado em nossas casas? Segundo estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), até 2025, a produção de lixo no mundo deve alcançar o montante de 2,2 bilhões de toneladas. Hoje, o planeta gera 1,3 bilhão e, só no Brasil, a produção diária é de 240 mil toneladas de lixo, sendo a maior parte destinada a locais inadequados, como os lixões. Esses números impressionantes refletem o quanto o ser humano precisa reciclar a si próprio, reformando seus hábitos, suas atitudes e sua visão de mundo, tendo em vista a perenidade do planeta e da própria espécie.
Especialistas apontam que a principal solução para tentar minimizar a grande quantidade de lixo gerada pela sociedade está na conscientização ambiental e no incremento dos esforços governamentais – que precisam incentivar, regulamentar, fiscalizar, punir e educar a população a respeito das condutas corretas no que diz respeito ao trato e ao descarte de resíduos. Se o sistema de coleta e reaproveitamento de lixo for tratado de forma correta, a gestão de resíduos tem enorme potencial para transformar problemas em soluções e liderar o caminho para o desenvolvimento sustentável, por meio da recuperação e reutilização de recursos.
Saiba Mais
* O Brasil tem cerca de 1 milhão de catadores.
* 83% dos brasileiros não têm acesso à coleta seletiva.
* 90% de tudo que o Brasil recicla é coletado por catadores.
* Todo ano, o governo brasileiro destina para aterros sanitários o equivalente a R$8 bilhões em materiais recicláveis.
COLETA SELETIVA NO RIO
De acordo com informações cedidas pelas companhias públicas de limpeza em 2017, apenas 1,9% de todo o lixo produzido na cidade do Rio de Janeiro foi destinado à reciclagem. Estudos mostram, no entanto, que uma cidade tem, em média, de 30% a 40% de seus resíduos com potencial para a reciclagem. No Rio, a coleta seletiva é realizada prioritariamente pela Comlurb, que vem ampliando esse serviço a cada ano. Hoje, a companhia atende a 115 bairros, com um sistema que prevê o recolhimento de 1.700 toneladas por mês de materiais potencialmente recicláveis, em cerca de nove mil logradouros e 26 roteiros diários de coleta com caminhões devidamente identificados e exclusivos para esse serviço.
Para que a coleta seja eficiente, a Comlurb recomenda que os materiais recicláveis sejam colocados em sacos plásticos transparentes, pois assim o gari poderá verificar o conteúdo, evitando a mistura do material reciclável com o lixo domiciliar. A companhia avisa que os sacos pretos são destinados apenas para lixo orgânico e úmido e não são levados pela equipe da coleta seletiva. São coletados papéis, metais, plásticos e vidros, secos e limpos. Não é necessário separar o material por tipo, pois esse trabalho será feito pelas cooperativas de catadores, que realizarão a classificação por tipo de indústria.
Atualmente, o recolhimento porta a porta é feito uma vez por semana, em dias alternados ao da coleta domiciliar. De acordo com a Comlurb, o material recolhido é destinado a 25 núcleos de cooperativas de catadores credenciados pela companhia – sendo que dois deles funcionam nas centrais de triagem da própria Comlurb, em Irajá e Bangu. Esses locais recebem gratuitamente materiais recicláveis da coleta seletiva, fazem a separação e comercializam os recicláveis com empresas especializadas, gerando emprego e renda para os cooperativados.
MUDANÇA DE HÁBITOS E AÇÕES
Para que a cadeia da reciclagem obtenha êxito cada vez maior, é fundamental que a população participe desse processo, promovendo a separação do lixo em sua residência. Sem a participação dos moradores, o serviço de coleta seletiva se torna improdutivo e caro. Hábitos e atitudes em relação à produção e ao descarte de resíduos sólidos nas residências é um fator cultural e educacional. A Comlurb informa que mantém um programa de mobilização porta a porta, onde garis divulgadores informam a população sobre o serviço prestado pela coleta seletiva, além de tirarem dúvidas quanto ao procedimento de separação e o destino final do material recolhido. Além disso, são feitas campanhas de conscientização em eventos externos, palestras em empresas, órgãos públicos e condomínios, além de campanhas de educação ambiental em escolas municipais.
Plataformas Virtuais
As plataformas virtuais estão aí para facilitar a vida das pessoas, inclusive quando o tema é consciência ambiental. O Cataki, por exemplo, é um aplicativo de smartphone que tem como objetivo ajudar a população e os catadores na tarefa da coleta e reciclagem de resíduos. Criado pelo Pimp My Carroça, o app foi desenvolvido para quem quer reciclar mas não sabe como: ao baixar o Cataki, a pessoa encontra os catadores de materiais recicláveis mais próximos e entra em contato pra eles irem até a casa fazer a coleta. Além disso, 100% do dinheiro gerado nas coletas fica com o catador, o app é apenas a ponte entre quem quer reciclar e quem trabalha com reciclagem.
Resíduos Coletados
Jornais, revistas, folhas de caderno, formulários de computador, caixas, envelopes e aparas de papel. Embalagens PET (refrigerante, suco e óleo de cozinha), embalagens de produtos de limpeza e higiene, potes de margarina, copos de guaraná natural e de mate. Alumínio, ferro, cabos, fios, latas de bebida (refrigerante, cerveja e suco), latas de óleo, de leites em pó e de conservas. Garrafas, copos e recipientes em geral.
Resíduos Não Coletados
Papel carbono, celofane e de fax, etiquetas adesivas, fita crepe, guardanapos, bitucas de cigarros, fotografias, papéis sanitários, metalizados, parafinados ou plastificados. Copos e fraldas descartáveis, adesivos, isopores, espumas, embalagens metalizadas, PVC, cabos de panela e carcaça de televisão. Pilhas e baterias, clips, grampos, pregos, esponjas de aço, tachinhas, latas de tinta e frascos de aerossol. Espelhos, cristais, porcelanas e tubos de TV. Entulho, restos de alimentos, madeira, couro, pneu, fitas cassete e VHS, CD, DVD, lixo industrial, latas contaminadas com resíduos químicos (tinta, verniz, inseticida), objetos perfurocortantes, lâmpadas fluorescentes, restos de remédio e hospitalar.
Para mais informações sobre o serviço de coleta seletiva realizado pela Comlurb, acesse www.rio.rj.gov.br/comlurb ou entre em contato pelo email: das_comlurb@rio.rj.gov.br.
Fonte: Revista Hilmar 42