Coisas que aprendi estudando Neurociência

26/12/2022 |
Assunto: , Ciência, Medicina

Aproveitando que todos estão elaborando metas para 2023 e fazendo retrospectivas, por que não usar a neurociência a nosso favor?

EduardaOlechak20221226Durante 2022, eu aprendi muitas coisas com essa área, uma das maiores contribuições foi ganhar consciência e confiança para reavaliar meus hábitos. Por isso, decidi compartilhar com vocês 3 dicas que me ajudaram muito nesse processo e mudaram completamente a forma como eu encaro o agora e, definitivamente, o futuro.

Esse texto é sobre a minha experiência pessoal aplicando técnicas e insights a partir do que eu aprendi com a neurociência. Algumas coisas possuem embasamento científico, mas gostaria de deixar claro que eu utilizei muitas delas a partir de comprovações empíricas, ou seja, pode ser que não funcione da mesma forma para você, mas caso queira testar, tenha paciência e aplique esses conhecimentos diariamente.

1. Se o seu cérebro fosse um músculo, como o bíceps do braço, ele seria forte ou fraquinho?
A primeira coisa que aprendi com a neurociência foi questionar os meus hábitos. E essa é a coisa mais legal que podemos fazer por nós mesmos. Essa simples técnica a partir de analogias vai te ajudar a diminuir alguns vícios e ter consciência do que você está fazendo.

Muitas pessoas reclamam disso, então, vamos usar o problema do vício do celular como exemplo. Se você passar muito tempo no celular ou se distrair facilmente das suas tarefas, tente isso – mas para funcionar de verdade você precisa usar a sua imaginação. Nosso cérebro possui áreas que processam informações específicas, se você está estimulando o sentido da visão, o córtex visual que está na parte posterior da sua cabeça está em ação.

Agora, você mudou de atividade e está ouvindo uma música, outra área do seu cérebro se acende. E assim por diante. Ou seja, toda vez que você faz algo, o seu cérebro liga uma área. Em analogia, é como se você estivesse malhando aquela região, o que significa que você vai estar desenvolvendo bastante essa área. Mas e as outras? Toda vez que você se distrai com o celular (ou qualquer outra coisa), imagine-se ficando muito bom nessa tarefa de mexer no celular e cada vez mais propenso a isso, já que quanto mais fazemos algo, mais aprendemos e aquilo se torna mais fácil.

Agora imagine, enquanto você malha a capacidade de ficar no celular, como estão as outras áreas do seu cérebro? Fraquinhas né? É aí que está a sacada! Tenha consciência do impacto que as suas ações tem sobre você mesmo. Me diga, você quer ser muito bom em mexer no celular, ou quer desenvolver alguma outra habilidade? Lembre-se: só depende de você.

O que a neurociência diz sobre isso?
Existe uma habilidade do cérebro chamada Neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se desenvolver e se modificar a nível celular, gerando aumento de ramificações em células nervosas. Ou seja, você pode desenvolver o seu cérebro semelhante à fisioterapia para músculos.

Uma pesquisa publicada no Annals of Neurology revelou que o declínio das funções cognitivas, como a memória, a percepção e a atenção, tende a ser menor em quem domina ao menos dois idiomas. Nesse caso, aprender ou praticar um segundo idioma fortalece o seu cérebro, pois te faz exercitar regiões, que quanto mais são usadas, mais fortes ficam.

2️. Intercale atividades e deixe a experiência reverberar
Se você é como eu, que fica muito no computador e em home office, talvez essa dica te ajude a manter-se produzindo mesmo quando as coisas começam a ficar um pouco entediantes.

Intercale atividades que exijam grande atenção e esforço mental (fazer um orçamento, juntar ideias para escrever um artigo, responder um e-mail importante) com atividades que envolvam menos atenção e mais coisas corporais (ajustar o tamanho dos textos, organizar o ambiente de trabalho, passar um café, ir até a gráfica).

Essa técnica me ajudou a melhorar minha produtividade e a diminuir aquela sensação de “tenho coisas para fazer, mas não sei por onde começar”, e como a produtividade e o foco aumentaram, houve também uma redução do sentimento de culpa por estar relaxando em algum momento de folga. 1 momento de trabalho focado vale mais do que 2 momentos de trabalho disperso.

O que a neurociência diz sobre isso?
Existe um fenômeno chamado Reminiscência que diz que a fixação do conhecimento é maior algum tempo depois da experiência do que imediatamente após a aquisição. Logo, se você está aprendendo algo novo ou realizando uma tarefa que exige muita atenção, você precisa fazer pausas se quiser aumentar a eficiência de fixação da memória e do aprendizado.

Além disso, se você intercala uma atividade chata com uma atividade legal, essa atividade benéfica pode ser compreendida como uma recompensa, o que é ótimo porque o nosso cérebro adora ser recompensado e fica muito motivado a trabalhar quando isso acontece.

3️. Use os seus sentidos conscientemente
Quando você começa a usar seu sentidos de forma consciente, ou seja, potencializa a sua percepção, você usa a sua atenção ao máximo para realizar qualquer tarefa. Além disso, tudo começa a ficar mais interessante e prazeroso. Com o tempo, reparei que estava mais presente nas situações da minha rotina, minha memória melhorou pois lembrava mais das coisas que tinha feito e no final do dia tinha uma sensação de missão cumprida.

Isso aconteceu porque comecei a cortar distrações e supervalorizar as experiências sensoriais, alterando consequentemente a minha percepção de tempo. Então use o máximo de sentidos que você conseguir para realizar uma tarefa.

O que a neurociência diz sobre isso?
Utilizar vários sentidos ao mesmo tempo é dar um boost no cérebro, pois você auxilia a criar mais associações e intensifica conexões nervosas que já existem, além de potencializar a sua memória.

A atenção plena é gerada pelo que conhecemos como Mindfulness que é a prática de se concentrar completamente no agora. Essa prática é voltada para melhorias na qualidade de vida e à redução do estresse, controle das emoções, controle cognitivo de funções executivas e do sistema motor, e também para a diminuição da ansiedade e depressão.

Um aspecto do mindfulness, mas que deriva da psicologia a partir da Gestalt-Terapia é o Awareness. Esse conceito caracteriza-se pela “consciência de si e a consciência perceptiva; é a tomada de consciência global no momento presente, a atenção ao conjunto da percepção pessoal, corporal e emocional, interior e ambiental (Ginger, 1995)”. Sua atenção deve ser direcionada à algum aspecto do ambiente ou do seu próprio organismo, evitando fazer julgamentos sobre os objetos de sua atenção naquele instante. O efeito esperado é te deixar mais consciente.

O que eu tenho a dizer sobre isso?
Aprenda o que é básico e funciona porque é algo padrão da nossa espécie. Depois analise e entenda o que funciona melhor para você, crie os seus sistemas e métodos para fazer as suas coisas. Se fizer sentido para você e funcionar, perfeito!

Eduarda Olechak
Designer | Neurodesign Researcher

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