Entenda como funcionam os imóveis que prezam pela facilidade de acesso e o porquê do tema necessitar de uma maior reflexão
Imóveis com acessibilidade, ou seja, que atendem pessoas com algumas necessidades especiais, como cadeirantes, deficientes visuais e auditivos e idosos, entre outros, estão crescendo cada vez mais para atender a todo o público. Tais imóveis devem seguir padrões regulamentados por lei e servem para viabilizar uma melhor locomoção deste grupo, além de permitir maior inclusão social, conforto, comodidade e independência.
Segundo Roberto Lira, consultor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), é necessário sempre empatia com o próximo, buscando atender a todos os públicos:
– É evidente que a construção civil precisa de ambientes maiores, não só por uma questão legislativa, mas também de bom senso. Você não pode desprezar essa necessidade de se permitir, através de corredores mais largos, o acesso de um cadeirante nestas construções, por exemplo.
A NBR 9050/2004, regulamentada pela Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tem como objetivo estabelecer parâmetros técnicos de projeto, construção, instalação e adaptação, visando o desenho universal que dê acessibilidade. Esta norma garante que o projeto permita a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, das edificações, do mobiliário e dos equipamentos para uma quantidade maior de pessoas, independente de qualquer necessidade.
Como são estes imóveis?
Para que um imóvel seja acessível, deve respeitar as necessidades de seu proprietário, mas um ambiente aberto deve atender a todo o público, independente de cada caso apresentado. Para isso acontecer é necessário que algumas adaptações sejam feitas. O espaço deve ser respeitado tendo como base as medidas de uma pessoa com cadeira de rodas, para que possa se locomover por corredores. Alguns empreendimentos optam por uma largura ainda maior, permitindo que um cadeirante e um pedestre ou até mesmo dois cadeirantes possam se locomover simultaneamente pelo mesmo local.
As formas de comunicação e sinalização podem ser visuais, através de textos e figuras, táteis, com caracteres em relevo e sonora, com recursos auditivos. O piso tátil é imprescindível no auxílio aos deficientes visuais, pois servem tanto como alerta, quanto para guiar o indivíduo. Este tipo de piso ajuda no percurso e avisa quando há um desnível diante de uma faixa de pedestres, por exemplo, servindo de alerta também para escadas e escadas rolantes, elevadores e mudanças no deslocamento, como curvas.
Rampas representam a alternativa encontrada para cadeirantes, principalmente em casos de emergência, quando não se recomenda o uso do elevador. Escadas devem respeitar uma altura limite para os degraus, reduzindo riscos de acidentes de pessoas com dificuldades de locomoção. Rampas e escadas precisam ter o auxílio de um corrimão para dar mais segurança e suporte. Também deve ser respeitado um limite de inclinação em ambos os casos.
É importante que haja um espaço maior para entrada e saída nos veículos e ter vagas exclusivas para portadores de necessidades especiais. Portas e passagens devem permitir o deslocamento sem restrições ao cadeirante e os sanitários precisam ser amplos, para acomodar a cadeira, baixos e possuir a barra de sustentação.
Mas todas estas regras não se limitam apenas aos imóveis residenciais, se estendendo aos espaços públicos como teatros, casas de shows, parques, cinemas e restaurantes, entre outros.
O Público-Alvo
Imóveis e estabelecimentos com acessibilidade atendem a deficientes visuais e auditivos, deficientes físicos, pessoas com nanismo, idosos, e qualquer pessoa que tenha alguma necessidade especial, seja por motivo de doença, idade ou deficiência física em decorrência de acidentes. A intenção é que todos possam ter sua independência e morar sozinhos, tendo autonomia.
O público-alvo também inclui pessoas que necessitem de facilidade de locomoção por períodos de tempo, como gestantes e pessoas hospitalizadas, por exemplo, tendo em vista que é uma necessidade temporária.
Roberto Lira finaliza destacando o reflexo que isto causa no valor do imóvel:
– Este tipo de construção encarece a obra por necessitar de ferramentas de acessibilidade caras, como a presença de elevador, por exemplo. Com ambientes maiores, além da valorização do imóvel, naturalmente há o aumento do valor final em decorrência do preço do metro quadrado. O custo final ao consumidor vai se ajustar à tendência do preço praticado no mercado.
Fica evidente que, tornando este modelo de desenho com acessibilidade universal, não só os que realmente precisam destas ferramentas serão beneficiados. Quem não necessita de imóveis acessíveis para ter mais mobilidade, terá mais espaço interno, não causando aquela sensação de morar em uma caixa de fósforos. Esta tendência deve ganhar mais força com projetos de lei que visam atender às pessoas que possuem necessidades que estão fora do padrão normativo imposto pela sociedade, também conhecidas como necessidades especiais, mas que fazem parte de suas realidades.
Fonte: Stand Edição 41 – Revista do Creci-RJ