À Própria Sorte!

04/06/2021
| Colunista: , Célio Lupparelli
|
Assunto: , Direitos Humanos, Política

De acordo com estimativa do IBGE, cerca de 55,5% da população da capital fluminense
vive sob o domínio do poder paralelo. O equivalente a 3,7 milhões
de pessoas estão nesta situação na cidade do Rio de Janeiro

CelioLupparelli20210604O levantamento realizado em 2019 destacou que 687 quilômetros quadrados, ou seja, 56,7 % do território estão fora do controle do Poder Público.

Nestas áreas, os direitos fundamentais definidos na Constituição Brasileira não são efetivos.

Valem as normas criadas pelo poder paralelo. As leis oficiais não têm eficácia.

Os serviços públicos não podem entrar, a menos que sejam permitidos pelos dominadores.

As organizações criminosas compostas por traficantes ou milicianos formadas, em geral, nas comunidades urbanas de baixa renda, como conjuntos habitacionais ou favelas, se expandem de forma exponencial, a passos largos, sob os olhares complacentes das autoridades.

Hoje, percebe-se que esses grupos estão infiltrados nas três esferas de governo e nos diferentes poderes da República.

Além de comprometer a economia do Estado e dos setores privados, pois passaram a exercer atividades econômicas sob o império do temor e sem pagar tributos, exercem atividades paraestatais criminosas, agredindo o meio ambiente, provocando desmatamento e ocupação irregular do solo.

CelioLupparelli20210604PredioDominam o mercado imobiliário em muitas áreas da cidade. Constroem sem nenhum cuidado e sem fiscalização do Poder Público. Comercializam construções precárias e sem nenhuma segurança. Enriquecem, compram armas e expandem o seu domínio.

Os acidentes como o da Muzema, em 2019, com 24 mortos, e o de ontem, no Rio das Pedras, com 2 mortos, são, apenas, sintomas do que de pior está por vir.

O mais triste é que, hoje, a Sociedade chora pelas vítimas, mas, amanhã, a página será virada, tudo cairá no esquecimento, e as pessoas continuarão sob domínio dessas facções criminosas e sem os seus direitos fundamentais.

Soluções existem, mas não há vontade política nem força moral para colocá-las em prática.

Pobre povo largado à própria sorte.

+Célio Lupparelli

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